Tema: Tragédia
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Édipo se exila em Colono, nas proximidades de Atenas, sua imensa tragédia abala Tebas, matou seu pai, Laio, sem saber, livra a cidade da maldição da Esfinge, é recebido como herói e a jovem rainha viúva é lhe oferecida como esposa. Sem saber tratar-se de sua própria mãe, aceita o enlace e juntos têm quatro filhos: Etéocles, Polinice, Antígone e Ismênia.
Novo mal se abate sobre Tebas, uma nova estiagem, a terra infértil, fome e peste. Tirésias convocado para decifrar o oráculo, põe a nu a relação incestuosa, Jocasta se mata, Édipo cega a si mesmo e se vai de Tebas. Creonte, o irmão de Jocasta, assume o Trono de Tebas, enquanto os irmãos Polinice e Etéocles crescem para no futuro decidir quem será o rei. A primeira medida dos dois é expulsar o Pai, pois parecia a fonte de todo mal, este os amaldiçoa, dizendo que ambos morreram por suas próprias mãos.
O Livro
Já adultos, os irmão, decidem que se revezarão anualmente no trono, primeiro Etéocles depois seria a vez de Polinice. Entretanto, Etéocles não cede à vez ao irmão, este busca exílio em Argos, sendo recebido por Adrasto, rei da cidade, que dará uma de suas filhas em casamento. Polinice , com o apoio das tropas do sogro, decide reivindicar o trono de Tebas.
Tebas está sitiada, Etéocles convoca o povo à luta:
Cidadãos de Cadmo, é preciso falar sobre a manobra oportuna:
ao observador que acompanha a situação, na popa da cidade,
com o leme na mão, não é permitido adormecer.
Se, pois, a nau bem conduzirmos, a responsabilidade é divina;
do contrário – oxalá não aconteça – uma desgraça sucedesse,
só o nome de Etéocles, de um extremo a outro da cidade,
seria muito celebrado por seus concidadãos com hinos gravese cantos lancinantes…
Adrasto e Polinice se uniram a mais cinco heróis para a expedição, sendo assim sete comandantes, sendo Adrasto o maior e mais experiente o comandante em chefe. Além deles estão associados: Tideu, filho de Eneu; Anfiarau, primo de Adrasto, neto de Melampo e adivinho, como o avô; Capaneu e Hipomedonte, da família real de Argos; e Partenopeu, filho de Atalanta. Com grande número de guerreiros, fortes e bem armados, param diante das setes portas, das sete muralhas da cidade.
Do outro lado das muralhas de Tebas, Etéocles, posiciona seus seis melhores comandantes e pessoalmente assume a defesa da sétima porta:
“No que me diz respeito, vou às saídas das sete muralhas,
onde posicionarei seis guerreiros –comigo o sétimo
para enfrentar os agressores de maneira grandiosa,
antes que nos surpreenda o rumor arrebatador
e inflame-nos a chama da urgente necessidade”.
Etéocles opôs ele próprio ao irmão e convocou mais seis heróis tebanos para repelir os invasores — sete contra sete. Cada comandante argivo enfrentou um adversário tebano diante de cada uma das sete portas de Tebas e, cada uma delas distribuídas conforme a força do adversários, sendo a sétima porta defendida por Etéocles que enfrentará à Polinice:
“Tumulto de guerra invade Tebas: aprisionada
em suas próprias torres: guerreiro contra guerreiro
pela lança sucumbe”.
O Mensageiro anuncia à Etéocles:
“apostado diante da porta Sétima: teu próprio irmão.
Contra Tebas lança toda sorte de imprecações e maldições,
e após escalar as muralhas será proclamado senhor de Tebas,
entoando um cântico de conquista.
Almeja o duelo contigo e matando-o quer morrer ao teu lado,
ou deixando vivo o homem que o baniu e o desonrou,
no desterro fa-lo-á pagar na mesma moeda”.
Etéocles parte para o combate mortal, mas antes se lamentar da sorte funesta de sua família:
“Ah! Enlouquecida e grandemente abominada pelos deuses,
Ah! raça de Édipo – a minha – multi-miserável.
Ai de mim, pois as maldições de um pai chegam a seu termo.
Mas convém não chorar nem lamentar-me
para que não se crie gemido intolerável”.
A luta singular leva os irmão à morte, mas os tebanos, rechaçaram o ataque e todos comandantes do exército invasor caíram por terram exceto Adrasto, que conseguiu fugir graças a seu cavalo Árion. Mas, mais uma vez a maldição dos Labdacida(Édipo Rei ou a maldição dos Labdacidas ) acontece e ambos morrem.
“Tebas, enfim, escapou do jugo escravo.
As jactâncias dos inimigos violentos sucumbiram.
A cidade está em paz e não deixou
mar entrar, apesar das múltiplas investidas da onda.
As fortificações tebanas protegem e defendemos as portas
com guerreiros aptos ao combate singular.
Tudo perfeito temos nas seis portas.
Mas o senhor do Sete, o soberano Apolo,a sétima porta
reservou para si,a fim de cobrar da raça de Édipo
os antigos desvarios
de Laio”.
Comentário: A trilogia Tebana, já analisada por nós em Édipo Rei ou a maldição dos Labdacidas e também em Antígone – Liberdade ou Morte, mas tem aqui nesta peça escrita por Ésquilo seu elo de ligação entre os tempos da outras. Aqui a violência da Terra Tebana tem seu ápice na luta pelo poder entre os irmãos. O castigo de sangue, passará de geração a geração como visto no primeiro artigo.
E não é que até hoje ainda se fala em maldição familiar? Mas creio, bem lá no íntimo do meu ser, que podemos superar todas as maldições, por piores que sejam. Grande abraço, Cristina.