Arnobio Rocha Reflexões Melancolia e redenção no domingo

2312: Melancolia e redenção no domingo


Amor à primeira vista, combatendo a melancolia do domingo.

Bem, penso que se alguém leu algum texto meu, algo pessoal, sabe sobre minha relação complexa com o dia Domingo, claro, se não sabe, é isso. Desde quando era criança, a música dos Trapalhões e a do início do Fantástico, era o começo de um tormento, o aviso que viria uma nova segunda, mas esse não era o problema, mas, sim, a melancolia da morte do fim de semana.

A dureza da juventude, tanto financeira, quanto das incertezas sobre o que o futuro reservaria para mim, coisas desse tipo, essas reflexões eram (são) no ocaso do domingo, veem mais fortes. Hoje sem trapalhões, ou fantástico, substituídas pelo último jogo da rodada, ou a voz do Faustão, no corte rápido entre o futebol e a entrada no programa, piorado com o Huck.

As estratégias depois de muito tempo era prolongar o domingo, esquecer, sair, pizza, filme, minhas pequenas, distração, café da tarde/noite em casa, com filme, mas invariavelmente, a melancolia, o sentimento ruim, o escurecer, o sol se indo, tudo combinando com a finitude, o que não tem retorno.

Num domingo Letícia partiu, numa rapidez de uma semana, numa sequência de dias de negligência, imprudência e imperícia, levou-a a morte, justamente num dia do Lorde, daquele que acreditam que dar a vida, mas também a leva, sabe-se lá por que, qual o bilhete premiado, sorte/azar.

Nesse calor de derreter, vem tornar o dia, a tarde mais pesada, malemolência, o corpo nem responde, a tv não tem nada, um filme bobinho (Amor à primeira vista, Netflix), sem que prometesse nada, uma coisa juvenil, traz uma ideia inusitada e genial, o velório de uma pessoa viva, o estado terminal, ela quer perder as pessoas falando bem dela, ao ritmo de Shakespeare, o fim não sendo tão mal.

Uma bobagem que nos redime, por hoje, por dias, até um novo domingo.

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