Arnobio Rocha Filmes&Músicas Em casa com Gil

2399: Em casa com Gil


Gilberto Gil e sua imensa e bela e inspirada família.

“A morte já é depois
Já não haverá ninguém
Como eu aqui agora
Pensando sobre o além”
(Não tenho medo da morte – Gilberto Gil)

Estava assistindo pedaços do documentário “Em casa com Gil” (Prime Vídeo), tanta gente em torno do patriarca, Gilberto Gil aos 78/79 anos (na gravação), ladeado de sua mulher, Flora Gil, a matriarca de parte da família, contando e cantada, a prole, celebrando Gilberto Gil, todo faceiro e risonho do que dele saiu, se criou e deu tantos talentos, homens e mulheres (estas principalmente).

Gilberto Gil é um dos maiores extraordinários artistas da humanidade, sua universalidade se traduz na sua obra intensa e extensa, que fala e dialoga com a vida e sentimentos de um baiano, um cearense, um paulista, um amazonense, um gaúcho, um carioca, com todo seu país, o que já seria um mundo, mas sua mensagem musical, toca o coração de um cara em Nova York, em Paris, em Tóquio, na Cidade do Cabo, em Maputo, por onde se ouvir, compreendendo ou não o idioma (nosso português), será tocado e tomado pela emoção.

Vejo ali, na Família Gil, uma força de pretos, pretas, negros e negras, de tantos ramos e pessoas, personalidades, ideias, os seus frutos e seus caminhos, inspirados numa raiz forte e especial (a cepa é boa), o alento e a força de pai, mãe, avô, avó, que fazem todos serem diferentes, iguais, sintetizados no ser Gilberto Gil, tão lindo, nobre, um majestoso senhor, que transgrediu, mexeu com mentes, ideias, conceitos, enfrentou preconceitos raciais, de costumes, de um país arcaico, ditatorial, que refinadamente se diz “cordial”.

É um toque de luminosidade, de reenergização assisti, ouvir as falas, as opiniões e de como as gerações se relacionam com Gilberto Gil e Flora Gil. Alguém há de dizer que foi/é coreografado, isso importa? A vida é sonho, ou deveria ser, pois no fundo é o que nos resta, num dos instantes, um jovem neto, fala da referência do avô, depois um filho completa e chora, sobre o privilégio de ser um Gil, conviver com ele, o velho aedo, diz com humildade:

“Isso é o papel da arte”

Não rogou para si, tão grande reconhecimento, poderia, com sua autoridade, idade, peso intelectual, mas não, apenas estendeu generosamente às artes essa deferência familiar.

Gilberto Gil, a quem acompanho com alto e baixo, tem quase 50 anos, tem uma influência geral e particular, no Brasil e em cada, tenho descoberto a riqueza de suas ideias, pensamentos, a sofisticação de sua vasta cultura, as observações sobre a questão racial, a afirmação de sua Bahia e sua ancestralidade, vejo-o com mais amor, mas proximidade, quase um reconciliação comigo, diante dele.

Ouvir, ver, Gilberto Gil, é um bálsamo para minha dores de ontem e de hoje, mas isso é para outro post.

Obrigado, Gilberto Gil.

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