Arnobio Rocha Reflexões Manifesto dos Tolos

1713: Manifesto dos Tolos


A Odisseia do tontos e de todos nós, a maioria do humanos.

“E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial
Que está contribuindo com sua parte
Para nosso belo quadro social”
(Ouro de Tolo – Raul Seixas)

Recente vi mais um grande filme argentino, A Odisseia dos Tontos (Tolos), esse cinema que tanto me encanta, especialmente Ricardo Darin, um dos melhores atores que já vi, um jeito próprio de construir um personagem, de dar vida e nos levar juntos na Odisseia, ou nos Relatos Selvagens, nos Segredos dos Olhos, nas Nove Rainha, onde quer que ele atue, vale sempre a pena assistir.

Por outra via não canso de ouvir Raul Seixas (toca, Raul, é um hit), o baiano mais incrível que conheci, que é, junto com Roberto Carlos, aquele cantor que você vai ouvir em qualquer lugar, em todas as classes, dos jardins às quebradas, sujeito simples aos descolados. Raul é gênio, atual e vive de sua grande obra, Ouro de Tolo é uma das maiores, é ouvir e se emocionar como se fosse a primeira vez.

A questão do Tolo, tonto, do “café com leite”, é o que mais me interessa nesses últimos tempos, entender e praticar uma nova lógica de vida e de satisfação pessoal, distante de holofotes, de feitos grandiosos, a Pandemia nos mostrou uma nova senda para se seguir.

Pouco me importa se a maioria prefere os grande nomes, heróis, iluminados.

Meu olhar é para o “tolo”, aquele que está pronto a fazer o que os outros não fariam, sem nenhuma intenção, sem buscar vantagem, apenas prazer que o eleva ao ser altruísta.

É uma ruptura, um outro caminho, seguir numa rota de Tolo, mesmo quando os mais próximos berram ao seu ouvido de que você é trouxa! Sua ingenuidade (tolice, burrice) faz com que te usem, entretanto nada lhe fará mudar o que ele é e quer ser, apenas por ser assim.

Enquanto tantos e tantos querem seu lugar ao sol, justo por sinal, usando de todos os expedientes, o Tolo não vai disputar o  protagonismo com ninguém, sobre quem vai aparecer mais, não terá o melhor carro, a melhor roupa, essas vaidades e outras coisas que se quer como Ouro.

É uma reflexão para aquecer nesse dia frio, de cinza e chuva.

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