Arnobio Rocha Reflexões Dos Mistérios!

2280: Dos Mistérios!


Mistérios, os desafios de descobrir e conhecer o que não se tem certeza.

Bem-aventurados os mortais que, após terem contemplado os Mistérios,
vão descer à outra vida. Ali, somente eles viverão;
os outros só terão sofrimentos.
(Sófocles, fr. 753)

Por que os Mistérios nos fascinam tanto?

Os segredos (religiosos ou não), o que é secreto, invisível aos olhos, apenas perceptível aos iniciados, não importa em que religião seja, ou sociedade secreta. O que está em volto, escondido, em algo que não é visto, que excita a imensa curiosidade humana, que nos leva a querer descobrir, descortinar e tornar nosso, de alguma forma.

O grande estudioso da mitologia grega, Junito de Souza Brandão, diz que a religião dos Mistérios, especialmente o dos Mistérios de Eleusis, que tinha seu centro em Delfos, práticas em homenagem ao deus do êxtase e entusiasmo, Dioniso, assim como as confrarias órficas-pitagóricas.

Não por outra, o Cristianismo, tão perseguido no seu nascedouro, massacrado em arenas romanas, quando se torna religião estatal, fez perseguir de forma brutal as religiões pagãs, dos mistérios, séculos depois a mesma prática frente às religiões de matriz africanas.

Depois de perseguir, estigmatizar, tomou para si o fundamental, os Mistérios, num pretenso sincretismo de fusão de deuses, divindades, com santos e anjos e entidades, sempre em volta aos seus mistérios “pagãos”, agora transformados em milagres, poderes especiais (mágicos?) recebidos de Deus, não mais aquele dos judeus.

O sangue que é vinho, ou vinho que é sangue. depois do pão que é carne, ou a carne que é o pão, nada mais pagão, diria, do que identificar elementos comuns de alimentos e transformar divino, a comunhão com em algo superior, espiritual, pois tudo é transmutado em algo transcendente, pois ali está o verdadeiro Mistério, como bem diz o pároco em qualquer lugar do mundo depois do ofertório: Eis o Mistério da Fé.

Qual seria o “pecado” de outras religiões quando transformam prazer em elevação, por exemplo, como nos mistérios de Eleusis, ou num terreiro, em que os corpos vibram e no seu êxtase (sair de si) se atinge o sublime, ou mesmo nas bebidas que potencializam e proporcionam viagens para além do natural, pois a comunhão não é restrita ao Cristo, ou aos seus.

Os Mistérios estão na vida, na natureza, que a ciência desvenda, no cosmos, de como viemos parar aqui e porque somos dotados de “razão” e inteligência. Os Mistérios estão na Política, nos processos históricos, no acordos entre países, nas disputas geopolíticas, nos espiões, nas teorias de conspirações, nos illuminates, e tantas outros segredos, de Estado ou não.

Todo Mistério tem encanto próprio e que vão nos seduzindo, nos chamando para ele, porque somos feitos de incertezas, de amores, ilusões e utopias.

A vida, em si, é um Mistério, por isso ela é tão desafiante.

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