Arnobio Rocha Política #SemAnistia – Democracia sem Golpe e Sem Acordos Covardes.

#SemAnistia – Democracia sem Golpe e Sem Acordos Covardes.


O Brasil não pode se curvar aos acordos espúrios de uma Anistia vergonhosa

O Brasil errou o passo e o compasso em junho de 2013, ali se destampou o mal, o ódio, as frustrações,  acumulados nos 10 anos dos governos petistas, enquanto a Economia tinha fôlego, esses sentimentos negativos, eram cultivados nos esgotos e nos escaninhos dos portais, nos comentários, numa alimentação quase silenciosa, uma preparação do que estava porvir.

E a caixa da Pandora se abriu, soltando tudo para céu aberto, as derrotas foram sucessivas, mesmo a vitória em 2014, foi de Pirro, a ampla maioria parlamentar, a perda das ruas e do diálogo com os movimento sociais e políticos, os ventos das primaveras e jornadas, quando veio para cá foram devastadores, uma avalanche avassaladora, derrotou a Esquerda, com um golpe, disfarçado de impeachment, as mudanças constitucionais que destruíram a CLT e os direitos sociais e trabalhistas.

O pior viria com a vitória de Bolsonaro, os setores da centro-direita que foram fundamentais para o Golpe no Parlamento, foram engolidos por uma extrema-direita raivosa, truculenta, que mistura religião com ode à ditaduras, ódio à Democracia e com sentimento de destruição das instituições, de qualquer perspectiva laica e de valores humanos que não sejam evangélicos.

Essa combinação explosiva, de política reacionária com religião arcaica, foi azeitada pelo Agronegócio, justamente os setores mais atrasados no cenário nacional, parte fundamental do PIB e com grande presença no Congresso. Essas coisas ainda como vitrine uma apologia à Ditadura como o “tempo bom”, uma mentira repetida à exaustão.

Obviamente que um completo despreparado não governaria com um mínimo de qualidade, ao contrário, ele se revela uma pessoa extremamente preguiçosa, sem nenhuma vontade pelo cargo, pela liturgia, apenas os baixos negócios familiares foram cuidados. Terceirizou o governo para um abutre na Economia, Paulo Guedes, e a Política entregou ao Centrão. Loteou o governo com nulidades, milicos, indicados pelo centrão, travando a máquina, destruindo políticas públicas, programas sociais, o que se tornou dramático na Pandemia.

Mesmo assim, com o uso despudorado da máquina do Estado, a criação de uma máquina eleitoral com o Orçamento secreto, o empoderamento das igrejas neopentecostais, ainda beneficiado com a PEC do Bem, do pagamento da ajuda social de urgência, empréstimos fraudulentos, acertos para impedir votação, a campanha para desmoralizar as eleições, deram o tom da disputa final.

É preciso dizer que a vitória extremamente apertada, deu a (falsa) ideia de um país dividido e que seria fácil para os derrotados, radicalizados, que tudo estaca pronto para uma ruptura radical, bastava azeitar as pregações separatistas no Sul do Brasil, muitos ataques aos nordestinos e aos mais pobres. Ao mesmo tempo criou um clima tenso, abrindo a possibilidade de um golpe de Estado, a tática foi ir para frente de quartéis, algo, aliás, tão comum na história do Brasil, os militares golpistas, tutelando a Democracia desde o início da República.

A “virada” do ano foi constituída de vários atos, numa espécie  de escalada da preparação aventureira. Começando com a ocupação de “patriotas” na frente de quartéis, fechamento de estradas urdida por bolsonaristas do Agro, especialmente, com a conivência das forças de segurança. Depois, as provocações na diplomação de Lula e em seguida, um caminhão bomba no aeroporto de Brasília, na véspera do natal.

A retirada da família Bolsonaro para Miami um movimento diversionista, distração, fazia parte do último ato golpista, dando a ideia de que ele não estava envolvido na tentativa efetiva do golpe final,  em 08 de janeiro, se desse certo, voltaria para assumir, se desse errado, teria o álibi perfeito.

Desse cenário, deve-se somar a tudo isso, a gravíssima crise econômica, herança de um desgoverno absolutamente incompetente, incapaz e inepto, um aventureiro associado aos abutres do capital, representados por Paulo Guedes, Salles, entre tantos outros incompetentes, que levaram o país ao buraco, irresponsabilidade genocida na Pandemia, entrega de patrimônio público e a presença de militares maciçamente dentro do governo, gente sem nenhuma qualificação decidindo, Saúde, Educação, Economia e Soberania.

Um desgoverno baseado na farsa dos “valores” de Família, Pátria e Deus, uma propaganda que beira ao neofascismo. Destruição das instituições, emparedamento do judiciário, acordo espúrio com o Centrão e o vale-tudo azeitado pelo orçamento secreto e pela entrega de cargos chaves no governo, sem nenhum controle do que fizeram, a farra do boi.

A reconstrução do Brasil passa fundamentalmente pela limpeza dessa herança, a terra arrasada em que Lula começou a governar, pela terceira vez, em minoria absoluta no Congresso, que nem de um impeachment conseguiria segurar, por exemplo. Os órgãos públicos destruídos, conselhos fechados, estatais à mingua, dirigidas por generais, como os Correios, Bancos públicos saqueados, A Petrobrás fatiada e entregue parte estratégica vendia a preço vil.

A economia em frangalhos, perda de importância e de mercado internacional, queima das reservas e inflação descontrolada, banco central entregue a um fanático do mercado, com juros altos e uma perspectiva de não ceder às pressões pela diminuição que permitisse a economia reagir.

A resposta eleitoral de Lula com uma  ampla aliança, mais ampliada após a dura vitória, tinha como ordem central: A Reconstrução. O prognósticos era de que havia o risco de que a economia ia descer mais fundo, a prioridade zero foi a PEC de garantias dos gastos emergenciais. Outras tarefas urgentes foram a retomada dos conselhos, dos órgãos, voltar a funcionar o diálogo com a sociedade, negociar com um congresso hostil, pautas urgentes, com diferenças mesmo na coalizão vencedora.

Lula foi um leão, sua agenda de viagens internacionais, apresentar a mensagem utópica de que o Brasil VOLTOU. A luta por novos negócios, investimento, a agenda verde incorporada como central, a questão da urgência climática e as responsabilidades não apenas do Brasil, mas também do país, dar exemplo e exigir contrapartidas, Nunca se viu uma “blitz” internacional como nesses meses, a maioria das iniciativas forma de sucesso, alguns problemas, mas muito positiva.

A n arena política, o temor seria pressão bolsonarista no Congresso, em ampla maioria, no entanto, em parte se resolveu com o fracasso do 08 de janeiro, empurrou para as cordas os mais raivosos bolsonaristas, no congresso e na sociedade, deu um importante fôlego para a iniciativa política passasse ao governo, avançando agendas impensáveis na realidade que se mostrava em dezembro na transição.  A economia começou a se descolar do Banco Central, para o ministério da Fazenda, algumas iniciativas e planos de curto prazo foram eficazes, a retomado do comércio exterior, segurar o câmbio, desarmar a bomba dos preços dos combustíveis, incentivo ao consumo das famílias e a pressão de governo e empresários contras os juros pornográficos. O Ministro Haddad fez um intenso trabalho de dialogo que levou à aprovação de importantes reformas, a mais ousada, a Tributária.

O Crescimento em torno de 3% era absolutamente impensável, Haddad mirou nos 3% e no déficit ZERO, metas ousadas, mas que deu credibilidade e o resultado de crescimento, queda de preços e insumos, a volta de investimentos, a bolsa de valores e a confiança de que pode-se reverter tendências e prognósticos negativos, a cereja do bolo é o resultado para os trabalhadores: a taxa de desemprego em 7.5% (a menor desde 2014), aumento da renda, da massa de empregados.

Os malfeitos de Bolsonaro já o tornaram inelegível, avançou-se nos processos das Fakenews, ao mesmo tempo em que avança e começam os julgamentos dos envolvidos do 8 de janeiro, as descobertas do envolvimento de Bolsonaro e do seu entorno na tentativa, colocaram-no no caminho de uma condenação maior, e até então a reação não tinha sido tão contundente. No início de fevereiro, Bolsonaro convocou um “ato em defesa do Estado de Direito”, não é para rir, seria uma espécie de “defesa” pessoal em praça pública contra os arroubos autoritários do Ministro Alexandre de Moraes.

Nesse momento confuso, a mídia velhaca, começa a dar voz à questionamentos sobre se houve crimes em 08 de janeiro, abrindo espaço para ataques à condução dos processos, ou se estaria impedido, o Ministro Alexandre, uma sutil sinalização de que há espaços para acordos, uma neoanistia.

O ato do dia 25 de fevereiro foi convocado massivamente nas redes sociais bolsonaristas, todas reativadas, com muito dinheiro, além do imenso suporte das igrejas neopentecostais, com pagamento da infraestrutura na Paulista, chamamento nos templos, por mera coincidência, no domingo, em que estão cheios. Ônibus contratados, lanches, e quase uma indulgência divina para presença.

Ao mesmo tempo, o Governador Tarcísio de Freitas e o Prefeito Ricardo Nunes, se empenham pessoalmente pelo ato, oferendo a ajuda das máquinas do Estado e Prefeitura, segurança com a PM, a um ato contra o STF. O governador de São Paulo, além de ter voz no ato, teve a seu lado, os governadores de Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e a vice-governadora do Distrito Federal.

A farsa começa com a fala da Senhora MIchele Bolsonaro, dizendo que o diabo quis separar Política de Religião, um claro sinal de que o negócio deles é misturar os fundamentos mais reacionários das igrejas à política mais retrógada. A fala de Silas Malafaia, de ataques ao STF, ao Presidente Lula e arremata com uma ameaça:  ‘Se eles te prenderem, você vai sair de lá exaltado. Se eles te prenderem, não vai para a tua destruição, mas para a destruição deles’. 

O auge foi a fala de Bolsonaro que deveria ser “cuidadosa”, pois, segundo ele “tinha muito a dizer”, mas diria, pois estava ali para defender a Pacificação do Brasil. Antes, confessa que realmente sabia e conhecia o decreto do GOLPE, mas que não era nada, principalmente porque dependeria do congresso, não era ele quem daria o GOLPE, uma confissão, agora com uma nova roupagem.

Entra em cena um novo “personagem”, o Bolsonaro manso, pacificador, de que não quer confronto, que quer uma Anistia (bingo!), que os coitadinhos do 8 de janeiro não podem deixar seus filhos sem pais, que nada fizeram, que o Brasil já perdoou coisa pior, crimes bárbaros. Obviamente, que ele, também seria anistiado, talvez a maior confissão de culpa pública que se tem notícia.

Ao fim e ao cabo, essa Pacificação teria como fotografia, aqueles milhares de fanáticos reunidos ali, o manso, se torna ardiloso, quem a paz, mas ele ditando as regras e segundo ele, com sua força.

Este 25 de fevereiro reabriu a luta política, a volta às ruas do bolsonarismo, que estava envergonhado e recolhido desde o 8 de janeiro de 2023. A presença massiva na Paulista, com todas as questões elencadas acima, sem dúvida é uma demonstração de força, obviamente não muda o curso dos processos judiciais, mas traz à mesa, um pedido (ou exigência) de que eles querem negociar uma anistia, um perdão.

A história do Brasil, infelizmente, é pródiga desses acertos, desses acenos, uma acomodação terrível e uma incapacidade de se efetivar a justiça, de levar a cabo a prestação contas dos responsáveis, o que indica para eles que podem se reagrupar e voltar ao esporte predileto da direita, dar golpe na Democracia.

A fala do Ministro Alexandre de Moraes, no ato de um ano da tentativa de Golpe foi significativa, ele fez um duríssimo discurso, o que sinaliza que com ele, não há espaço para manobras,  que garante que não haverá Anistia. Foi mais fundo  ao falar sobre as responsabilidades, inclusive na metáfora do crocodilo, de se alimentar achando que não será comido ele.

As decisões posteriores apontam para cumprir fielmente o que discursou, a reação da mídia, até de um setor progressista, contra o Ministro, revela o receio de que ele leve até o fim, com um desfecho provável, a prisão de Bolsonaro e a quebra de seu poder, de sua família e seus aliados.

Esse aceno pela Pacificação, com ares de chantagem, será aceito, quem seriam os interlocutores? Arthur Lira, aqueles governadores que estavam prestando vassalagem ao Bolsonaro?

O governo de coalizão, os setores de centro-esquerda, esquerda, que apenas assistiram a “banda passar”, a retomada da iniciativa política de Bolsonaro, como vão se comportar? Cairão no canto da Sereia da tal Pacificação? Não se deve admirar se a mídia e seus acólitos não abraçarem a tese e o surrado “o Brasil precisa de paz” não impuser.

Deste lado, afirmo sem embargo, o Brasil precisa d Democracia, do Estado de Direito, não de impunidade, de acordos por cima, que sempre serão frágeis, pois abrirá flanco para que voltem ainda mais fortes, nenhum de nós seria poupado, não podemos cair no conto do vigário.

Retomar as ruas, a conversa com os trabalhadores, com o povo, o processo eleitoral está chegando, é mais uma oportunidade de derrotar a extrema-direita, consolidar as instituições, isolar os golpistas, é isso, ou a Derrota.

#SemAnistia

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