2370: Sina


Osteria Francescana, Modena, Itália, de Massimo Bottura.

Haja o que houver, eu estou aqui
Haja o que houver, espero por ti
Volta no vento, ó meu amor
Volta depressa por favor
(Haja o que houver – Madredeus)

Quase sempre escrevo como um grito de desespero, sobre todos os temas, algumas mais, outros menos. É para que alguém leia, saiba o que penso as minhas tolas opiniões, algumas vezes até bem arrumadas, mas no fundo é para dizer a mim que, Haja o que houver, eu estou aqui

Na hora final de um domingo, aquele dia especialmente terrível para mim, desde sempre, quem me leu sabe da minha birra com os dias, desde criança, o dia que finalizava (ou começa uma semana) sendo que essa, ou aquele, nada de novo trazia, por muitos e muitos anos, apenas se acentuou essa relação complexa, o caos maior foi o funesto dia da morte de Letícia, do Juninho, espero que não seja o meu, mas se for se cumprirá uma sina.

A questão não é sobre domingos, mas sobre a comunicação ruidosa com a vida e com as pessoas, então escrever é falar mais alto, mesmo que uma ou duas pessoas irá ler, com ou sem interesse, mas seu brando foi escrito, virou alguma coisa, trouxe você aqui e deve está aflito (a) para onde, ou que esse maluco quer dizer, respondo simples, vontade era dizer tudo, mas quase sempre digo nada.

Mas estava vendo uma série sobre comida e cidades do mundo, “Somebody Feed Phil”, na Netflix, o Phil repete um mantra de que a comida é a melhor comunicação entre as pessoas, a forma mais genuína de nos aproximar uns dos outros, de expressar nossos mais singelos sentimentos, nosso afeto, nossa função social e humana.

Minha Letícia era minha companheira na cozinha e ao sentir o cheiro do alho e cebola fritando, ela passava a mão na barriguinha e dizia que dali sairia o melhor arroz do mundo, ou risoto, era um momento que talvez mais me desespere, de não ouvir (estou esquecendo-a) ou do gesto de tanto amor.

Essa perdas nos jogam para terras estranhas, inabitadas, o nosso mais profundo vazio, daquele lugar de onde ninguém nunca voltou. Assistir ao Phil, um episódio sobre Veneza, aquela cidade, estive tão perto, que talvez nunca mais tenha chance de ir, me vez viajar por esse texto, é minha dor, sentimento transformado em razão, a escrita.

E é isso.

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