Arnobio Rocha Reflexões Kyoto, um amor que não se explica.

2385: Kyoto, um amor que não se explica.


Ryoan-Ji, templo do Dragão, zenbudista, kyoto.

“o que se tem é tudo que se precisa” (escrito no templo zenbudista)

É a cidade que me emocionou profundamente, o mesmo sentimento que tive ao ver São Paulo pela primeira vez, em abril de  1986, naquele mesmo dia disse que mudaria para São Paulo, 3 anos depois, julho de 1989, simplesmente vim. Kyoto foi uma arrebatação que não se explica, apenas se sente, guarda-se pela vida, era outubro de 1996, no outono, o Koyo.

Ah, como recordo.

Estive naquele outubro de 1996, o outuno esfriando, depois em fevereiro de 2017, no frio inverno, na fina camada de neve, em companhia de Luana Rocha, minha amada filha, sua comemoração de 15 anos, seu sonho de conhecer o Japão. Levá-la a Kyoto, Osaka, Nara, Hiroshima, antes de nos aprofundarmos perdidos em Tokyo, um revival de “Lost in Translation”.

Pois queria partilhar o sentimento de Kyoto, visitamos vários templos, como o Ginkakuji, o templo de ouro, um lugar estupendo. Ao lado fomos ao templo do Dragão em paz (Ryoan-Ji) que é bem pequeno, mas de grande significado, pois é o mais famoso templo Zen do mundo.

Ela experimentou a Tsukubai (agachar), local da bacia de água que cai e o visitante se curva para lavar as mãos e boca para se purificar, o modo como foi construído obriga o gesto de semi-ajoelhar. No topo está escrito: “o que se tem é tudo que se precisa” É o ensinamento básico e anti-materialista do budismo.

Flanamos pelas ruas e templos da cidade, de ônibus, a pé, os bairros medievais, dos antigos samurais, das gueixas, que se emendam com ruas e avenidas de uma época futurista, o mercado em que descobrimos uma maravilhosa cafeteira, patisserie, Fukunaga.

São mais de 1000 templos, construções preservadas, castelos, jardins zens, a paz e a iluminação de um lugar que une passado e presente. Uma viagem milenar, uma sensação de que ali tudo se eterniza, ainda que seja por um breve instante da vida.

Relembrar, faz-me sentir em Kyoto, o cheiro, sabores, visuais, emoções. Talvez não more lá, quem sabe minhas cinzas, pelo menos minhas memórias sempre terão a cidade , assim como no meu coração, a vida vale por essas coisas.

Obrigado, Kyoto!

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